Teu suor, treme...
Fico atento!
Óh! minha pequena Grettha
.s
*Letra: Lou James & Núbia Poison *Música: The Saylor *Vocal: Lou James
Aquela menina nasceu
Filha de Golding se concebeu
Sua mãe do parto floresceu
E com Shelley se irrompeu
O pai, resignado foi-se então
O padrasto o sobrenome deu-a senão
Sua mãe a iniciou na escrita
E na juventude se fez mulher aflita
No castelo de Byron as férias passou
E, num lampejo a estória criou
Um terror fantástico
Que pelo mundo se consumou
A obra, ao pai dedicou
Mas o sobrenome do padrasto herdou
Escrevia desde a infância, a ficção
Viveu no campo com forte obsessão
Criar um conto, criar uma estória
Num quase erro, numa memória
Lembrou de fantasmas, lembrou do inicio
E na voraz escrita, uma obra no solstício
A noite era sombria, lúgubre, mortal
Do sonho acordado, uma febre fatal
Desejou a criação feita com afeição
Que lhes tragam dor, dor e perdição
O monstro sem nome
Herdou o seu do criador
Nesse quase erro
Todo mundo é entendedor
Mary Shelley, saia do castelo
Mary Shelley, volte para casa
Nem Hamlet, nem Otelo
Fazem sombra às tuas asas
"Ela plantara as sementes que tinha nas mãos. Não outras, só essas" (Clarice Lispector)
A poetisa chorava. Chorava baixinho chamando. Chamando pelo luar que a fazia sorrir
Cantava, seu olhar mostrava-me. O vício de colher flores, framboesas, sonhos. Trilhava estradas que vieram a tornarem-se ruas
Ruas que a conduziram à hora da florada. Eis que chegava um novo dia de colher. Sonhos, flores, framboesas e expô-las nas calçadas
Tratou de aguar o que lhe enchia os olhos. Saudade, já não tentava nada, fadigada por... Pouca coisa, só felicidade e dor
Mostrava-me como seria diferente. Cada verso que criara, diferentemente. Versos que entregara inconscientemente
A mim entregava regozijo, estrofes e contentamento. Assim como Brecht, se contentava com tão pouca. Paz, alegria efêmera num sentimento de
Pode provar morangos que matavam tua fome. Canteiros de couve, cor de framboesa, novos nomes. Encerravam, com tristeza e víamos a morte de Cecília Meireles
O mato crescia com a chuva; riscávamos trilhas sob as corridas da jovem aldeã. Como ela nada era parecido, fugindo da morte, nada é parecido. Diferentes, somos parecidos com março, abril e maio
Antes, carnaval; no outono tudo é labor. Acabou a festa da carne, somos três meses. E a saudade recomeçou
De olhos fechados a felicidade chorava. Entre os dedos compridos, lágrimas corriam. Linhas pautadas preenchidas pela letra cursiva
Afetadas, tortas, sentimentos tortos, novas idas. Vida, amanhã, negra noite, deixa-me ver a sua letra. Como ontem de madrugada. Mais bela sua colheita de framboesas era
*A Cecília Meireles: 07/11/1901 — 09/11/1964
“Não confio em músicas que não suspiram”
Quando eu morrer o libertino sorrirá
Viajei pelo mundo e só encontrei corações fechados
Na época errada eu nasci
E quando eu morrer o patife sorrirá
*A Nick Cave
Depois que começou a pingar
Menos de duas décadas vividas
Entregou a própria vida cortando os pulsos
Fatídico dia trinta e um
Cansada de insultos, não teve sucesso e nem religião
Espera, um dia, encontrá-la rindo
Fatídico dia trinta e um