março 03, 2011

Entrevista com Lou James





Eu, a repórter Núbia Poison, inicio essa entrevista lhe indagando:

O que te impele?

De onde vem teu ímpeto?

Da vontade!

E, de onde vem esse desejo intenso de querer?

Da representação que habita em mim!



Depois de emplacar hits como:

“Minha namorada é uma webcam” e “Quase erro”

Escrever poemas existencialistas e góticos, contos policiais e ser adepto do minimalismo...

... Como você se define?



Há um tempo, parecia que criar os Retinas Queimadas seria uma coisa boa

Sempre pensei em ser escritor, nunca músico

Muito menos vocalista de uma banda punk underground virtual com enorme influência gótica

Sou lúdico, me defino assim

Se houvesse um meio de dar sabor a visão e a audição...

Tento dar um jeito de enxergar e ouvir as coisas de uma maneira não-amarga

E levemente, tentar adoçá-las



Entendo Lou... E como você criou seu estilo literário?

Bem, vivemos numa época de releituras e adaptações

E, naturalmente precisamos absorver o que já foi produzido

Há muita coisa boa para ser usufruída

Penso ser, esse, o momento de mostrar às gerações toda a expressão artística, visual e musical com a qual interagi e está disponível nas bibliotecas, na internet e nas prateleiras das bibliotecas e Sebos

Um poema meu não é um fim-em-si

Ele não se encerra depois de lido

Ele é um canal, uma passagem que transporta o leitor a outro texto

... Outro poema, outra canção

Minhas obras direcionam-no a matriz da inspiração, à fonte

Deste modo, penso ter criado uma espécie de chave ou código que permite abrir as portas da percepção do leitor, do ouvinte

E mais...

Aguçar a sua curiosidade e seduzi-lo na busca do conhecimento pleno



Quais são suas influências?

São tantas e temo não conseguir me lembrar de todas agora

A literatura gótica e existencialista, o rock gótico, o punk, a MPB dos 70’s e 80’s; os filmes B de terror, os filmes de terror clássicos e muitos escritores brasileiros...



Cite alguns para ilustrar a entrevista Lou...

Hum, na literatura posso citar:

Fernando Sabino, João Ubaldo Ribeiro, João do Rio, Lima Barreto, Clarice Lispector, Orígenes Lessa, Fausto Wolff...

Poderia ficar aqui citando autores que li e leio por longos minutos



Há muita fragmentação da arte como forma de expansão do conhecimento?

Óbvio que sim, e isso começa na escola, na mais tenra idade

Descartes fragmentou o conhecimento tal qual o conhecemos ainda hoje

E essa corrente teórica, de certo modo, prevalece nas passagens de tempo, chegam aos dias atuais e se estendem pelas artes, ciências e música

O conhecimento está fatiado nas mais diversas filosofias e instâncias, nas mais diversas correntes e em seguidores e detratores, admiradores e críticos

Isso funcionou bem em determinadas épocas e formamos especialistas cada vez mais dominadores dum único tema

Mas há pontos em que o cartesianismo está sendo revisto e um novo paradigma sendo elaborado por essa geração

Defendo a busca do conhecimento pleno, na amplitude máxima do saber...

Estimulo a visão holística dos seres sobre as coisas, sobre os fatores mensuráveis e imensuráveis



O que você considera “impraticável”?

Queimar livros!

Acho que nunca conseguiria praticar esse ato

Qualquer livro, desconhecido ou clássico, todos possuem alma

Possuem uma força, algo de sobrenatural

Queimar livros é como destruir vidas!



Muito bom Lou, interessante esse ponto de vista

Para terminar, deixe um recado para os fãs...

Ah, tento ser criativo e não vivi as coisas que escrevo

Também tenho medo e sou corajoso ao mesmo tempo

Escondo-me atrás da máscara e...

... Agradeço a todos que me lêem

Tento dar a minha visão aos fatos, as histórias e estórias

Eu fui educado com a Bíblia




*Entrevista concedida a Núbia Poison no BCB, Botequim Charles Bukowski.


*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News.


*Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência.

Nenhum comentário:

Postar um comentário