Do globo da morte
A contemplo
Ela vai à faculdade
Gosta de flores
Ora no templo
Ouve músicas,
Ama “The Cramps”
Enquanto os palhaços
Jogam cartas
O trailer treme, antes
Quando bato surge a fera
Me ataca!
Vejo o mal, perversão
Bala de prata?
Apenas solitário, um palhaço me relata
Núbia, em meio à narcisos
São suas preferidas
Pelo olho de vidro morrerias do coração
A bruxa tinha-me mostrado
Nesse ínterim, absorto em meu acordeão
E, pelo esforço, a resposta veio a constatação
Nunca me casarei com você
As alianças...
... Devolvo-lhe, pois não
Doze doses tive que tomar
Para bonita poder lhe achar
Admita, esse excesso de vermute
Foi fatal, estou sem vida
Mas hoje, depois de ontem
Tenho muita sede
Não consigo contar direito
Minhas histórias
Saio pela tangente,
Esqueço as glórias
A convocação chegou
Foram dois anos de disciplina
Longe dela, me esfacelei
Ao Haiti eu fui, oh minha menina
Tornei-me pára-quedista
Saltar do firmamento virou rotina
Naquela tarde peguei três trens para provar-te
Trouxe-lhe a notícia
Escrevi teu nome no céu
Seu nome é Núbia Poison
Te levo ao altar, abro teu véu
Fui criado num pequeno lago
E agora, estamos no oceano
Poseidon, deus dos mares
Me afoga e não percebo
Eu tenho um só plano
Preciso de emprego, trabalho de graça
Pode acreditar
Todo mês, fim do ciclo
Te sussurro um detalhe
É minha proposta, suplico
E sobre ela justifico
Sou domador, homem bala
Limpo a ala dos elefantes
Mas, no encontro, sou galante
Lançador de facas preciso
Levo flores, seus narcisos
Aí, não sei como
O tempo acelera e pára
Tudo se dispersa
Comunico aos amigos
Não há inércia
Minha vontade, obsessão
Qual é seu problema, garoto?
Me fazem a indagação
E assim, a contar recomecei
Acabei de conhecer
A mulher com quem me casarei
Não faço idéia de quem tu és?
Sou um contador de histórias
Mentiras?
Romances?
Contos?
Devo acreditar em seus encantos?
Também sou músico
Faço canções e as canto
O artista é surreal, não possui matéria
Só sedução
Você é a única que não compreende meu coração
Por ti, pelas suas negações
Sou um retrato mal acabado de mim mesmo
De quem é o problema?
Barco à deriva, abalado
Vou a esmo, grand’ ilema
Limparei tua piscina
Veja e constate
Arrumarei teu jardim
Nada é invenção
Serás minha mulher
Quero-te agora, confie em mim
Qual o problema dos icebergs?
Os noventa por cento abaixo?
Ou os dez por cento acima?
Una-se a mim, já!
Montemos uma banda
A vida nos ensinará
Os acordes necessários
Som de salafrários
Fiz uma canção
É mais ou menos assim:
“Em meio aos lençóis
Eu voltei
Estendidos no varal
Lhe beijei”
Quer me mostrar
Que livros está lendo?
Há uma segunda vida?
Uma personagem, outra família?
Um filho bastardo fora do casamento?
Indago, interrogo, lamento
Passava muito tempo
Fora de casa
Mesmo assim, prefiro acreditar
Em você, e não em mim
Não é verdade!
Qual a autenticidade?
Os carros do comercial?
Moscas presas no pára-brisas?
As siamesas da Coréia?
Atrações exóticas que sempre paralisam
Abelhas na colméia
Voam e deslizam
Apague a luz, sairemos vencedores
Vamos pelo amor
Que conduz as nossas dores
*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News e companheira do poeta.
Nubia Poison... perdida em ressonâncias predeterminadas pelos seus pretendentes.
ResponderExcluirLindo!
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