agosto 01, 2010

Case comigo, Núbia Poison!










Do globo da morte

A contemplo

Ela vai à faculdade

Gosta de flores

Ora no templo

Ouve músicas,

Ama “The Cramps”

Enquanto os palhaços

Jogam cartas

O trailer treme, antes

Quando bato surge a fera

Me ataca!

Vejo o mal, perversão

Bala de prata?

Apenas solitário, um palhaço me relata

Núbia, em meio à narcisos

São suas preferidas

Pelo olho de vidro morrerias do coração

A bruxa tinha-me mostrado

Nesse ínterim, absorto em meu acordeão

E, pelo esforço, a resposta veio a constatação

Nunca me casarei com você

As alianças...

... Devolvo-lhe, pois não

Doze doses tive que tomar

Para bonita poder lhe achar

Admita, esse excesso de vermute

Foi fatal, estou sem vida

Mas hoje, depois de ontem

Tenho muita sede

Não consigo contar direito

Minhas histórias

Saio pela tangente,

Esqueço as glórias

A convocação chegou

Foram dois anos de disciplina

Longe dela, me esfacelei

Ao Haiti eu fui, oh minha menina

Tornei-me pára-quedista

Saltar do firmamento virou rotina

Naquela tarde peguei três trens para provar-te

Trouxe-lhe a notícia

Escrevi teu nome no céu

Seu nome é Núbia Poison

Te levo ao altar, abro teu véu

Fui criado num pequeno lago

E agora, estamos no oceano

Poseidon, deus dos mares

Me afoga e não percebo

Eu tenho um só plano

Preciso de emprego, trabalho de graça

Pode acreditar

Todo mês, fim do ciclo

Te sussurro um detalhe

É minha proposta, suplico

E sobre ela justifico

Sou domador, homem bala

Limpo a ala dos elefantes

Mas, no encontro, sou galante

Lançador de facas preciso

Levo flores, seus narcisos

Aí, não sei como

O tempo acelera e pára

Tudo se dispersa

Comunico aos amigos

Não há inércia

Minha vontade, obsessão

Qual é seu problema, garoto?

Me fazem a indagação

E assim, a contar recomecei

Acabei de conhecer

A mulher com quem me casarei

Não faço idéia de quem tu és?

Sou um contador de histórias

Mentiras?

Romances?

Contos?

Devo acreditar em seus encantos?

Também sou músico

Faço canções e as canto

O artista é surreal, não possui matéria

Só sedução

Você é a única que não compreende meu coração

Por ti, pelas suas negações

Sou um retrato mal acabado de mim mesmo

De quem é o problema?

Barco à deriva, abalado

Vou a esmo, grand’ ilema

Limparei tua piscina

Veja e constate

Arrumarei teu jardim

Nada é invenção

Serás minha mulher

Quero-te agora, confie em mim

Qual o problema dos icebergs?

Os noventa por cento abaixo?

Ou os dez por cento acima?

Una-se a mim, já!

Montemos uma banda

A vida nos ensinará

Os acordes necessários

Som de salafrários

Fiz uma canção

É mais ou menos assim:




“Em meio aos lençóis

Eu voltei

Estendidos no varal

Lhe beijei”




Quer me mostrar

Que livros está lendo?

Há uma segunda vida?

Uma personagem, outra família?

Um filho bastardo fora do casamento?

Indago, interrogo, lamento

Passava muito tempo

Fora de casa

Mesmo assim, prefiro acreditar

Em você, e não em mim

Não é verdade!

Qual a autenticidade?

Os carros do comercial?

Moscas presas no pára-brisas?

As siamesas da Coréia?

Atrações exóticas que sempre paralisam

Abelhas na colméia

Voam e deslizam

Apague a luz, sairemos vencedores

Vamos pelo amor

Que conduz as nossas dores




*Núbia Poison, integrante virtual e roadie dos Retinas Queimadas é jornalista das publicações Retinas News e companheira do poeta.


*Texto adaptado ao filme: "Big Fish" (2003), direção: Tim Burton.

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